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Love foi mais uma ótima série com um péssimo final

Para os fãs de comédias "alternativas" Judd Apatown (Virgem de 40 Anos, Superbad) sempre fora um nome de confiança, que ele já fez muita coisa ruim é inegável, mas quando a produção possui algum aval autoral do homem - exemplifica-se com o elogiado "Doentes de Amor" do ano passado - se coloca créditos, e assim foi feito em 2016 quando Love, sua série original, estreou com a primeira temporada para maratona na Netflix.


E o produto foi realmente especial, nas duas primeiras temporadas tivemos episódios emotivamente complexos (como esquecer a conversa entre Gus e Mickey na praia no S2E05) e alguns completamente surtados (o dos cogumelos alucinógenos na S02E04 é um bom exemplo) mas fato é que a série nunca esqueceu o mais importante numa produção dessas: seus personagens, Love sempre foi fiel quanto a entendê-los, sentimos cada camada deles e compreendemos cada um de seus passos contra a autossabotagem, a tentativa de tornarem-se plenos para ficarem juntos serve como reflexo - ou até inspiração - para aqueles que já estiveram ou estão numa relação afetiva destas. E são justamente essas camadas que tornam tão difícil uma verossimilhança nos personagens, mas como em Love você se sente tão próximo e os entende tão bem, cenas como o Gus tendo um surto psicótico e traindo a Mickey são tão frustantes quanto entendíveis.

O casal problemático briga em praticamente todos os episódios das duas primeiras temporadas, e quando começamos a terceira e última com os protagonistas tão centrados e contentes o nosso estranhamento como expectador é óbvio, e essa emulação de casal perfeito cria uma certa tensão muito sutil nos primeiros episódios, que como uma panela de pressão vai acumulando energia para explodir no quarto (S03E04), naquele incrível dialogo no banheiro em que sentimos a tensão aliviada a tempo de entendermos as juras de amor ao seu final, como os personagens estamos anestesiados de tantas brigas, e a essa altura sabemos que são feitas de medo, amor e respeito. Quando uma série te entrega algo tão maduro na última temporada é por que ela sabia o que te contava desde o princípio.

E é por esse esmero que o final (literalmente o último episódio) é tão frustrante, não entendo se fora por um cancelamento imprevisto ou um problema criativo na sala de roteiristas, mas o último episódio é óbvio e covarde, não assume riscos e coloca os personagens em situações e diálogos que sabemos que eles não teriam, o repentino interesse de Mickey por ter um filho no episódio anterior já era de se estranhar mas de onde viera esse desespero para se casar? é mais uma decisão prepotente de Gus da qual os dois não tem nem metade do psicológico para encarar. Enfim, Love foi uma série amável que não pretendo classificar como só mais um acerto médio Netflix, e mesmo com o final medíocre as duas primeiras e especialmente a terceira temporada são ótimas e não merecem ser esquecidas, afinal, Love não é a primeira série com 4 letras começando com "L" que mesmo com o tropeço na conclusão jamais esqueceremos.


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