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Resenha: "Visão" de Tom King é brilhante em ironizar o sonho americano

No fim da primeira edição de Visão: Um Pouco Pior Que um Homem temos uma citação sobre um presente do Surfista Prateado ao Visão: 


Os vasos flutuantes de água de Zenn-La estão sempre vazios. O sulfato de metano que faz com que a água levite é venenoso para todas as espécies conhecidas de flores. O mistério não é porque estão vazios, e sim por que alguém faria um vaso assim.


O vazo é uma representação do que a família Visão é. Visão vê numa família algo simples porém lindo e tenta criar uma para si. Uma versão que funcionasse para ele. Sua unidade familiar emula/copia/se baseia no modelo americano de família tradicional, e isso resulta numa bela sátira com algumas perguntas para propor.



Visão criou uma “família perfeita”, mas ela é construída de materiais que são inerentemente defeituosas ou, pelo menos, inerentemente diferentes. Eles podem imitar o comportamento “normal”, mas eles estão, em certo modo, apenas agindo por comandos pré-definidos. Por exemplo, eles enviam seus filhos para a escola, mas é completamente desnecessário, uma vez que eles são capazes de simplesmente fazer o download do assunto. A família recebe os cookies de boas-vindas dos vizinhos, mas eles não podem comer biscoitos. Eles se envolvem em ações destinadas a replicar a normalidade, mas o absurdo dessas ações só serve para destacar o quão anormal elas realmente são, para que servem as convenções sociais? 

As 12 edições incrivelmente roteirizadas por Tom King (atualmente no Rebirth do Batman) são basicamente o escancarar do absurdo dessas situações para entendermos a futilidades da vida média americana, o sonho americano parece tão fragilizado quando se tenta entendê-lo logicamente, como quando eles dissecam a termologia de ''amável'' para entender o que pensar dos vizinhos, e explorar estes conceitos com androides facilita as críticas de King pela ironia que se dá as convenções sociais sendo feitas por quem não é obrigado a fazê-las. Os arquétipos da vida americana também estão lá, a crise de meia idade é um tema explorado em centenas de obras, mas quando Visão profere "Existe uma falha… uma falha em mim. Esta é minha esposa e a amo. Eu devo amá-la… Deveria" sentimos como nunca a melancolia da situação.



São exemplos como esse que enquadram quadrinhos mainstream como arte, a obra avassaladora com 12 curtas e belas edições (que serão publicadas pela Panini em 2 encadernados nos próximos meses) com muito a dizer. Não lembro de nada da Marvel que tenha feito me sentir assim.

PS: Seguindo a teoria de que as melhores ideias já foram tidas, os título dos dois arcos (Um Pouco Pior Que Um Humano e Um Pouco Melhor Que Um Animal) são trechos de uma fala de Pórcia, na peça O Mercador de Veneza, de Shakespeare.

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