Header Ads

Posts recentes
recent

A fotografia como storytelling em Blade Runner (1982)

Blade Runner é um bom exemplo de como os efeitos manuais eram capazes de criar imagens completamente imersivas, já que, de fato, o que víamos na tela era real. Efeito esse que projetado na tela era recorrentemente usado não apenas como deleite visual mas também como próprio modo de se contar e contextualizar a história (este, na verdade, é o sentido da fotografia na narrativa chamada filme).


O diretor de fotografia do filme Jordan Cronenweth traz prédios imensos, cinzas e sólidos em miniaturas impressionantemente realistas. O design futurista da metrópole cria um interessante contraste contra a imundice das ruas esfumaçadas preenchidas por uma multidão cuja variedade cultural e linguística tem muito a dizer sobre o nível que a globalização atingiu naquela terra, variedade étnica explorada nos sets com os múltiplos telões nos mais diversos idiomas. E as ruas, fotografadas como labirintos escuros e inundados por chuva ácida, indicam a atmosfera opressora sob os personagens, opressão que os seguem até em seus ambientes internos, já que Cronoweth opta por deixar como única luz interna dos apartamentos apenas alguns fechos de luz do exterior, que, além de mostrar essa opressão permanente, ainda cria senso de vividez ao mundo, já que essas luzes até em ambientes internos mostra que a cidade realmente nunca para.


Ainda sobre os ambientes internos o diretor de arte David L. Snyder faz questão de tornar cada um deles diferentes e memoráveis, para criar o efeito exato desejado no telespectador. Por exemplo, o ar “paraísesco” da torre Tyrell, onde ocorre o encontro de Deckard com Rachel e do antagonista Roy com seu criador é dado pelo reflexo de água na parede com aquela luz dourada extremamente saturada, a internação aqui é criar o contraste do divino com a falta de alma da Rachel, assim como fazer o encontro do criador com criado de Roy ter o mesmo efeito de um humano com seu Deus. 

E enquanto isso o escritório policial parece tão escuro e apenas com nuances de cores cria um ambiente diretamente tirado dos filmes P&B noir da década de 40, já o apartamento de Deckard, escuro e triste, revela a falta de perspectiva de vida para este homem.



Um comentário:

  1. Muito bom, obrigada por compartilhar o seu artigo. Para mim Blade Runner o filme que foi baseado no livro "androides sonham com ovelhas elétricas", foi um dos filmes mais interessantes do gênero. Eu fiquei muito animada quando eu vi a sequela no cinema no ano pasado. Eu li no Blade Runner resumo que foi bom por que usou elementos clássicos dos filmes do gênero. Você também viu? Eu gosto muito da história dese filme por que não é tão previsível como outras. Se ainda não viu, eu recomendo amplamente, vocês vão gostar com certeza.

    ResponderExcluir

@ArturAlee #GeekDeVerdade. Tecnologia do Blogger.